terça-feira, 21 de maio de 2013

Câncer de mama hereditário

Câncer de mama hereditário: o que você faria?


Recentemente, a atriz Angelina Jolie expôs sua intimidade ao relatar, em artigo para o jornal The New York Times (leia a íntegra no site), que era portadora de uma síndrome genética que aumenta a chance do desenvolvimento de câncer: a síndrome do câncer de mama hereditário ligado ao gene BRCA1. O assunto levantou muita polêmica, já que a atriz, mesmo não apresentando evidência do desenvolvimento do câncer de mama, optou em realizar mastectomia (retirada da mama) preventiva. O tema também abre espaço para uma discussão mais profunda sobre esse tipo de câncer, seus fatores de risco ambientais e também os fatores de risco genéticos.

Fatores de risco do câncer de mama
Temos dois tipos principais de fatores que aumentam muito a chance de desenvolver câncer de mama. O primeiro deles é genético e está envolvido no câncer de mama hereditário: alterações genéticas herdadas predispõem a um grande aumento da chance de que o tecido mamário sofra a cascata de eventos genéticos (i. e. mutações) que leva ao câncer. Destacamos, nesse contexto, as mutações nos genes BRCA1 e BRCA2: os produtos codificados por estes genes participam do controle do reparo do DNA.

Nós somos expostos a todo tempo a estímulos ambientais que geram mutação no DNA de nossas células. A natureza criou mecanismos que monitoram mutações e, frente a elas, reparam o DNA. Os produtos codificados por BRCA1 e BRCA2 funcionam nesse sentido: policiam danos ao DNA e acionam a nossa maquinaria de reparo. Isso acontece a todo tempo e na grande maioria das células, especialmente nas células da mama e ovário. Mesmo quando esse sistema de checagem e reparo do DNA do qual participam BRCA1 e BRCA2 está em pleno funcionamento, existem falhas. O câncer de mama é consequência dessas falhas.

Quando herdamos (i. e. recebemos de nossos genitores) alterações nos genes BRCA1 ou BRCA2, o mecanismo de monitoração e reparo do DNA pode ser comprometido. É exatamente isto que ocorre na síndrome do câncer de mama hereditário: alterações herdadas nestes genes aumentam a chance do desenvolvimento do câncer ao longo da vida. Essa chance varia de 60 a 80% até os 60 anos de idade. Outros tipos de tumores também são associados a alterações nesses genes: a chance de desenvolver câncer de ovário pode chegar a cerca de 50% até os 60 anos.

O outro fator de risco ao desenvolvimento do câncer de mama é ambiental, envolve características pessoais e estilo de vida: número de gestações e partos (quanto mais partos, menor a chance de desenvolver câncer), amamentação (quanto mais tempo a mulher amamentou, menor a chance de desenvolver câncer), idade de menarca e menopausa (menopausa precoce e menarca tardia diminuem risco), uso de álcool (aumenta risco), uso de anti-concepcionais orais (aumenta risco), reposição hormonal (aumenta risco).

Agora que você já entende parte dos mecanismo que levam ao desenvolvimento do câncer de mama, entende melhor o que é o câncer de mama hereditário e o que é o câncer de mama esporádico (que não está associado a síndrome genética que predispõe ao câncer).


Quando suspeitar de câncer de mama hereditário?
O câncer de mama hereditário deve ser suspeitado quando houver muitos casos na família, várias gerações afetadas, indivíduos com mais de um tipo de câncer e idade precoce de aparecimento de câncer (antes dos 50 anos).

O que você faria?
Angelina Jolie optou por realizar a retirada das mamas como medida preventiva, já que sua chance de desenvolver o câncer pode checar a 80% até os 60 anos de idade. A atriz foi muito criticada (injustamente, a meu ver) pela mídia brasileira por sua opção. E você: se fosse portador de alteração genética que lhe conferisse chance de 80% ao longo da vida, o que faria?

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