O que outrora parecia filme de ficção científica parece ganhar realidade com o avanço da genética, já que caminha a largos passos o melhor conhecimento do genoma e de como as variações genéticas modificam a resposta de cada indivíduo frente às doenças. Seguindo esse conceito, não é difícil imaginar que cada indivíduo poderia, já desde o nascimento, ganhar o seu "mapa da vida", determinando quais são seus maiores risco de saúde, a melhor dieta, o melhor esporte, o melhor medicamento e, quem sabe, a época provável de sua morte...
Deixando de lado a ficção e o pavor (pelo menos o do autor) de poder ter uma vida totalmente determinada (ou personalizada), fato é que a medicina personalizada pode trazer benefícios. Alguns deles já seriam factíveis com as tecnologias vigentes, enquanto que outros estariam muito próximos de um pleno desenvolvimento, como enumerados a seguir. Primeiramente, seria possível classificar indivíduos em grupos de risco para desenvolvimento de determinadas doenças (por exemplo: câncer, diabetes, hipertensão) e adotar estratégias específicas de seguimento médico. Também poderíamos prever reação adversa a determinados medicamentos ou mesmo se um medicamento seria eficaz em determinado indivíduo.
No entanto, esse novo conceito pode entrar em conflito com outra vertente amplamente difundida e adotada na prática médica: a medicina baseada em evidência.
Medicina baseada em evidência
Há algum tempo que a medicina é regida por essa outra visão filosófico-científica conhecida como medicina baseada em evidências. Nesta abordagem, as medidas terapêuticas e preventivas são adotadas baseadas em pesquisas clínicas e literatura médica bem fundamentadas.Um exemplo desta abordagem é a suplementação de ácido fólico no primeiro trimestre de gestação por todas as gestantes ou realização de triagem de câncer de mama em mulheres acima dos 50 anos (para uma melhor revisão sobre o assunto, acesse brilhante texto no blog do seu médico da família).
A medicina baseada em evidência utiliza-se, muitas vezes, de raciocínios lógicos e matemáticos que pesam os riscos e benefícios das ações em saúde através de grandes estudos populacionais (i. e., não individualizados). Dessa forma, ajuda a decidir se determinado tratamento, prevenção ou estratégia de seguimento pode fazer mais bem do que mal nos indivíduos a partir de dados populacionais.
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